Mãe Bonifácia
Uma escrava que vivia na região de Cuiabá, no século 19, e que ajudou muitos escravos a encontrarem refúgio no quilombo (onde hoje fica o bairro Quilombo).
Mãe Bonifácia fez história no final de sua vida, quando foi deixada de lado pelos senhores por estar velha. Ela aproveitava os seus conhecimentos sobre a mata e plantas medicinais para ajudar os escravos que fugiam das fazendas a encontrar abrigo.
Segundo historiadores a personagem é real e viveu onde hoje fica a avenida Lavapés, próximo ao 44º Batalhão do Exército.
Curandeira, africana, mãe, negra e uma lenda histórica. Ela dá nome a um dos principais parques da capital mato-grossense.
Foto reprodução
Por que sua história marcou tanto?
Após ser liberada pelos senhores de engenho, Mãe Bonifácia foi morar na saída para a Estrada da Guia, em um barracão em frente ao 44º Batalhão, próximo ao local que nascia o córrego que mais tarde seria batizado com o seu nome.
Com um vasto conhecimento sobre plantas, a curandeira africana era a esperança para os fracos e oprimidos. Ela curava os negros, salvava-os da perseguição e os guiava pelo rio até o quilombo situado na mata densa, onde hoje se localiza o parque.
Reza a lenda, que ela sentia fortes dores no peito que só podiam ser amenizadas se ela conseguisse salvar aqueles que passavam pelo mesmo sofrimento que ela já tinha passado: a privação da liberdade.
Sua relação com Cuiabá
Quando havia revolta em Cuiabá, os escravos que conseguiam fugir procuravam a Mãe Bonifácia, que os auxiliavam e os escondiam. Ela orientava os fugitivos a andarem pelo córrego para que os cães dos capitães do mato, não pudessem farejá-los.
Pesquisadores e historiadores disseram que há pouco, ou quase nada, de registros sobre a vida dela. E afirmaram que a maior parte do que se sabe foi passada de geração para geração de forma oral, ou seja, sem registro documental.
A estátua é a única representação que sobrou dos seus dias de vida. A mãe negra que abraçava o filho escravo, que não era de sangue, mas sim de alma. O seu coração que precisa estancar a dor e acalentar o choro, curar a diferença com amor, com solidariedade e esperança.
Familiares remanescentes de escravos que vivem no Despraiado contam até hoje a história da velha negra que ajudava os escravos.
Por que Mãe?
O título de mãe é por abraçar a desigualdade, romper com os padrões vigentes e abrigar em seu coração toda a dor humana. A estátua é a única representação que sobrou dos seus dias de vida.
Sua história deve ser perpetuada como o único retrato que sobrou envolto em toda a lenda: a mão aberta, estendida, para salvar aqueles que eram expurgados da própria vida.
A mão estendida, o peito aberto e o amor de mãe foram o que a eternizou. E a sua lição é o que nos sobrou: amar independente de todas as adversidades e acreditar que através de nossas próprias mãos, um mundo melhor é possível, basta lutar.
Parque Mãe Bonifácia
Inaugurado em dezembro de 2000, o parque estadual Mãe Bonifácia é uma homenagem à escrava. É localizado em Cuiabá e tem 77 hectares de cerrado.
No local, há pista para caminhada e corrida, mirante, trilha de areia, aparelhagem para exercícios físicos, parque infantil, concha acústica e abriga diversos eventos ao longo do ano.
Pode-se ver a vegetação típica do cerrado, especialmente na época de florada, que ocorre por volta de agosto. Os visitantes também podem ver alguns habitantes do cerrado, como o sagüi e outros pequenos primatas que vivem cruzando as trilhas do parque.
O Parque Mãe Bonifácia fica localizado na Avenida Miguel Sutil, S/N - Duque de Caxias, Cuiabá.
Aberto de todos os dias da semana das 6h ‘as 18h.